não sei se estavam ansiosos por isso mas, aí está o segundo capítulo da minha história.
Estou aceitando sugestões de título, pois ainda não "brilhou"![agora já tem]
Capítulo II
Interlúdio
Laawanna,
nasceu antes do tempo mas ao contrário dos demais bebês prematuros
era maior que a maioria dos recém-nascidos; contrariando a medicina
chegou completamente saudável e perfeita. Chorou forte ao nascer e
logo abriu os olhos revelando serem de um azul incomum, quase lilás,
possuía cabelos e cílios fartos – era simplesmente o bebê mais
lindo de toda a maternidade. Ao saberem da morte da filha no parto
não exitaram um só minuto em adotar a menina que acabara de nascer
e a criarem como sua própria filha.
Cresceu com todas as regalias
de ser criada pelos avós. Não lhe faltava nada tanto material
quando afetivo. Estudou em boas escolas e frequentava a igreja local
com os avós aos domingos. Cresceu e se desenvolveu como a maioria
das crianças mas era alta para sua idade e muito esguia e por conta
disso algumas crianças lhe conferiam apelidos que a entristeciam por
vezes mas isso não impediu que crescesse feliz e muito menos que
tivesse amigos. A medida que crescia, seus cabelos muito lisos
tornaram-se louros como o trigo e os olhos lilases cada vez mais
evidentes. A pele era muito clara, branca e não rosada mas pelo que
todos sabiam não tinha problema de anemia ou qualquer outro problema
de saúde mesmo com a dieta vegetariana que teimava em seguir sem que
qualquer um a tivesse prescrito – gostava demais do animais para
comê-los era o que sempre dizia a quem lhe questionasse. Incontáveis
vezes levou para sua casa pássaros machucados e outros animais
feridos, quase toda semana aparecia com um novo cachorro mas seus
avós que já estavam idosos nunca a deixavam ficar com nenhum pois
sabiam que logo ela apareceria com um novo amiguinho. Qualquer
animalzinho que levasse para casa acabava por ficar são, logo, como
que por mágica, atribuíam isso ao carinho que Lawaanna tinha com os
animais.
Tudo ia bem com a garotinha
até que aos doze anos viveu uma tragédia:
No meio da noite seu avó
acordou com um barulho e levantou para ver o que era e quando
ascendeu as luzes viu que a casa estava sendo assaltada. Um dos
assaltantes no impulso atirou contra o idoso. Laawanna e sua avó
ouviram os disparos e desceram as escadas correndo. A senhorinha ao
ver o marido baleado no chão dirigiu-se até ele na esperança de
salvá-lo mas era tarde demais. Nesse momento Laawanna olhou para a
porta e viu que os bandidos estavam prestes a escapar, olhou
fixamente para a saída e quando um deles tocou a maçaneta ela
estava em brasa e queimou sua mão; foi quando algo estranho
aconteceu como se Laawanna tivesse sido possuída por uma força que
ela não podia controlar – e de fato não podia – parecia que ela
estava em transe. Logo as paredes da casa começaram a pegar fogo e
em poucos minutos tudo estava em chamas. De repente Laawanna sentiu
um forte dor nas costas e um grito de dor saiu de sua garganta. Um
par de asas de água começou a brotar em suas costas, a princípio
eram brancas mas logo foram chamuscadas pelo fogo e ficaram
enegrecidas, não demorou muito para que finalizasse a mutação,
agora as asas tinham o dobro de seu tamanho quando completamente
esticadas – parecia um anjo mas tinha a fúria de um demônio.
Laawanna ouviu a avó tossir e
foi como se com um clic algo fora desligado dentro dela e ela
saiu do transe, olhou para baixo e estava a alguns metros do chão
pairando no ar enquanto ruflava as asas suavemente, mesmo assim não
se apavorou, tomou a avó nos braços e como que por instinto voou em
direção ao telhado com a velocidade de um raio e rompeu-o
libertando-as da casa em chamas, os bandidos porém ficaram presos lá
dentro. Infelizmente sua avó havia inalado muita fumaça e acabou
morrendo em seus braços.
Quando a adrenalina passou, as
asas se retraíram e a carne voltou a se fechar em suas costas
deixando apenas duas cicatrizes. Laawanna chorou muito ao se dar
conta de tudo que havia acontecido. Era apenas uma criança, grande
para sua idade, mas uma criança. Lembrou-se do amoroso padre que
havia assumido a diocese não fazia muito tempo mas que se mostrava
muito dedicado aos fiéis e decidiu procurá-lo. Ouvira falar de
anjos e se ela era um, quem melhor do que o padre para
aconselhar-lhe. Correu em direção à casa paroquial e bateu à
porta com força. O padre espantou-se ao ver a menina desesperada,
toda suja de fuligem e com o vestido rasgado das costas. A primeira
coisa que lhe passou a cabeça era de que havia sido violentada e
tratou de colocá-la logo para dentro.
—Não reverendo, ninguém
atentou contra mim – esclareceu tão logo foi questionada – se me
ouvir em confissão eu lhe contarei toda a história.
— Claro minha filha!
— A história é a seguinte…
A menina contou ao reverendo
tudo quanto conseguia se lembrar. Ele não sabia o que pensar sobre
algo tão inacreditável mas sabia de uma coisa: mesmo que a menina
estivesse louca, o que não parecia, ele não poderia deixá-la ir
embora sozinha no estado em que se encontrava; então deu-lhe de
comer, alcançou-lhe uma das estolas dos coroinhas para que tomasse
um banho e tirasse o vestido em farrapos e cedeu-lhe a cama de
hóspedes que havia em seu quarto para caso algum padre colega seu
precisasse passar a noite ali. No dia seguinte, parte da história da
menina se confirmou pois encontraram casa queimada, três corpos
carbonizados dentro dela e avó da menina morta do lado de fora e os
exames periciais comprovaram a asfixia por inalação de fumaça.
— Posso ficar com o senhor?
– perguntou a menina com olhar ingênio ao reverendo – quero
estudar para me tornar uma religiosa.
O padre não respondeu mas
ficou com ela a partir daquele dia.
Embora incomum, as pessoas do
vilarejo não recriminaram a atitude do velho padre, antes acharam
nobre que tivesse adotado a menina.
P.S.: Espero que tenham gostado, fiquem com Deus e até mais...
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