quinta-feira, 3 de março de 2016

Cinquenta tons de Cinza - um conto de fadas controvertido II

Olá,

no início do ano passado eu assisti ao filme e escrevi este artigo:
http://kikalealbutterfly.blogspot.com.br/2015/02/50-tons-de-cinza-um-conto-de-fadas.html.
Agora eu retorno, depois que li os livros, para falar o que achei deles:


Rogo o direito de gostar destas capas.


Já pensou que, se a pessoa com que você se relaciona hoje tivesse sido completamente sincera sobre si mesma desde o início você possivelmente não estaria com ela?

Isso foi o que me fascinou quando percorri as páginas de 50 tons de cinza: deixando de lado o quão perturbador seja a relação entre Anastácia e Cristhian, trata-se de um jogo limpo! E isso, me desculpem os conservadores, é invejável!

Existe muita polêmica em relação á sujeição de Ana e o fato dela ser virgem; eu, porém não vi conflito algum: uma vez que ela não possui experiência ou, como ela mesma diz, com que comparar, a curiosidade é ainda maior; portanto você só pode dizer se gosta ou não de algo após ter provado.

Considero romantismo algo bastante relativo – o que é para uns pode não ser para outros. Embora se um cara na hora “H” me dissesse
“ - Agora eu vou te fuder...” eu certamente broxaria, considero Cristhian romântico a seu modo; no entanto, vez ou outra ele comete uma grosseria (eis parte dos 50 tons) mas isso não parece incomodar a Anastácia. Ele é atencioso, em demasia até, e a elogia o tempo todo –que mulher não gosta disso?!

Por fim o envolvimento entre os dois é tão forte que mesmo os termos impostos sendo questionáveis, Ana prefere cogitar a ficar sem ele.

O primeiro livro vai nos apresentar aos personagens e a este conflito envolvendo mundos tão diferentes, tudo sob o ponto de vista de Ana que é uma jovem recém formada em Literatura Inglesa, portanto romântica em sua essência, e sua descoberta do amor e do sexo com este personagem excêntrico com tendências megalomaníacas e dominadoras.

No entanto, como nada na vida é preto ou branco – existem infinitas nuances entre essas duas cores –há muito mais coisa além da superfície e somente com o tempo compreenderemos, e talvez nunca completamente, quem é Cristhian Grey e seus motivos para ser como é. Existe um esforço muito grande da parte de Ana em tentar compreender o “mundo” em que seu amado vive, porém nesse primeiro momento o choque entre as duas realidades é tão grande que Ana prefere afastar-se.



No segundo livro Cristian força uma reaproximação e Anastácia sede. Ficamos sabendo que o interesse de Cristhian por Ana vai muito além de somente uma “foda” violenta e do quando ele está disposto a abrir mão para tê-la de volta – não que isso vá ser fácil para ele. O que me incomodou um pouco é o fato dele ter recuado e ela então começar a provocar, nos mostrando que talvez ela goste mais da coisa do que aparentou-nos no início e só não era ‘safada’ por falta de oportunidade. E assim eles caminham para o que seria o mais próximo que conseguem de um equilíbrio. Confesso que eu gostava mais deles quando era um casal problemático.
       Como tudo vai bem entre o casal o livro vai trazer uns problemas externos para serem resolvidos mas “tudo está bem quando acaba bem*” ainda mais com um casamento.
      Li os dois primeiros livros em um mês: fiquei sem internet no trabalho e como dependo da rede pra acessar o sistema, tive muito tempo para me dedicar à leitura. Meu marido conseguiu a trilogia em PDF com uma colega de trabalho e levou os arquivos pra casa achando que eu poderia me interessar.  Não gostava de ler no computador, mas como a oportunidade surgiu e os “livros” estavam salvos no meu HD externo decidi começar a leitura e mergulhei de cabeça, me afeiçoando tanto aos personagens que os tratava como amigos; acabei por me acostumar e descobri que leio mais rápido no computador e não sinto sono.
         Quando esse livro estava no auge, ouvi dizer que a escrita era ‘infantil’ e eu não discordo, pois guardadas as devidas proporções se parece muito com o que eu escrevia quando tinha uns 14 anos: a forma prolixa em alongar os períodos e o excesso de adjetivos e descrições, por exemplo; por falar nisso, o que é a Ana descrevendo a todo o instante o que Cristian está vestido e o quanto ele está “quente”? Pra ela, se ele soltasse um ‘pum’ ainda assim pareceria sedutor.
          Bem, o último livro foi o mais cansativo e arrastado pra mim. Eu lia, lia, lia e não saía do lugar. Passava um tempão lendo e quando achava que já tinha lido, sei lá, umas 50 páginas, na verdade tinha lido 10; mas eu não estava achando ruim - não sei por que a leitura empacou tanto - talvez pelas 650 e poucas páginas...
Daí nas 100 páginas finais o ritmo mudou:
Percebi que durante toda a narrativa os conflitos eram resolvidos um de cada vez (o problema surgia, se desenrolava, se resolvia), mas no final não, tinha uns três conflitos acontecendo simultaneamente e eu queria continuar lendo pra saber...
         Agora eles estão casados e parece que tudo vai bem. Alguns conflitos surgem mas eles tiram de letra porque afinal de contas eles se dão muito bem na cama e isso parece resolver todos os problemas até que ocorre um imprevisto que tira tudo dos trilhos.
          Gostei de como a história terminou, mas eu dispensava o epílogo, pois é dedutível.
        Antes de seguir no epílogo,dei uma pausa na leitura porque, pra mim, a "história" já tinha acabado ali... mas tinha aquele plus... tipo o último filme do Harry Potter, sabe? Cheguei a comentar com meu marido que sabia como seria o epílogo: “Chisthian e Ana fazendo comercial de margarina na casa nova” e, bem, eu acertei!
          Eu estava louca pra acabar o livro, mas quando terminei fiquei com aquela sensação...me senti meio órfã, mas isso foi até eu começar a assistir “Gossip Girl” pelo Netflix e me apaixonar pelo casal Serena e Dan (mas isso é assunto pra outro artigo – mas como me apeguei aos personagens acho que vou comprar o e-book de “Grey” para entrar na cabeça dele e conhece-lo ainda melhor. Eu me identifiquei muito como Cristhian. Tirando aquela parte de sadomasoquismo, temos personalidade bem parecidas: no fundo somos inseguros e muito, muito caretas.

Fiquem com Deus e até mais...

P.S.: eu certamente deixei de comentar alguma coisa.


*parafraseando Shakespeare.





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